sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Bioética, um desafio também para os jovens


A professora Lenise Garcia, doutora em microbiologia, estreia coluna no site Jovens Conectados sobre os desafios da Bioética.
Hoje, não é preciso ser estudante de Direito ou das áreas de saúde para ouvir pelos corredores da Universidade, ou mesmo de escolas do Ensino Básico, complexas questões que nos desafiam:
– O aborto é lícito em alguma situação? Como enfrentar o problema do aborto clandestino?
– O mundo está superpovoado? É necessário limitar a natalidade? Quem decide sobre isso?
– Como atender aos casais que não conseguem ter filhos? A reprodução assistida é uma alternativa?
– Quais os limites da biotecnologia? Podemos manipular células humanas? O que dizer das plantas e animais transgênicos?
– Quando a vida termina? Podemos abreviar a morte de um paciente que está sofrendo?
– Quando a vida começa? Podemos falar em dignidade de um ser humano que ainda tem poucas células?
– O que dizer da experimentação de medicamentos em seres humanos?
Diante de tantos questionamentos que se apresentam a nós, não surpreende que, logo no início de seu ministério como Papa, Bento XVI tenha feito o convite para que os estudiosos da Igreja dessem atenção especial aos temas da bioética:
“Convido-vos a seguir com particular atenção os problemas difíceis e complexos da bioética. As novas tecnologias biomédicas interessam não somente a alguns médicos e pesquisadores especializados, mas são divulgadas através dos modernos meios de comunicação social, provocando esperanças e interrogaçõesem setores sempre mais vastos da sociedade”.
Entre os setores interessados na temática estão certamente os jovens. Por isso, o portal Jovens Conectados abre espaço para uma coluna de Bioética, na qual esses temas possam ser gradativamente tratados.
Mas o que é Bioética? Uma nova área do conhecimento? Uma ciência antiga que começa a ter novas aplicações? Sem dúvida, seja qual for a definição que dermos, ela ganhou relevância em função do desenvolvimento de técnicas que envolvem profundamente o ser humano, particularmente na Medicina e na Genética.
A conhecida Encyclopedia of Bioethics (New York 1978, vol. I, p. 19) define-a como “estudo sistemático da conduta humana no âmbito das ciências da vida e do cuidado da saúde, examinada à luz dos valores e dos princípios morais”.
Percebe-se, portanto, que se trata de um “braço” da ética geral. Sua tarefa não é elaborar novos princípios éticos gerais, mas aplicar os princípios existentes ao âmbito das ciências da vida e do cuidado da saúde, em especial aos novos problemas que estão surgindo.
A tarefa não é simples, por diversos motivos. Por um lado, perdeu-se clareza sobre o que sejam valores e princípios morais. Nesse aspecto, o mundo vive hoje uma grande contradição: ao mesmo tempo em que se recupera a necessidade da ética, vivemos uma crise não só de valores, mas uma crise do valor.
Entendemos aqui, por “crise do valor”, uma dificuldade em torno ao próprio conceito do que seja “valor”. Para clarear a discussão, é preciso distinguir entre os aspectos objetivos e subjetivos, ou seja, se algo tem valor “em si” ou se tem valor “para mim”. Esses aspectos não são contrapostos, mas muitas vezes se complementam.
A muitos, a própria palavra moral parece trazer arrepios, como se significasse algo retrógrado e incômodo, ligado a regras e proibições arbitrárias; outros a usam em um sentido tão relativo, tão cambiante, que perde qualquer significado. Assim quando se fala que “isso é uma questão ética”, alguns parecem interpretar como “isso é um assunto em que qualquer um pode dar palpite e ter a opinião que quiser”.
Mas a moral deriva do próprio ser do homem, da sua natureza. E a Igreja, que é “perita em humanidade”, facilita-nos o caminho, indicando princípios que nos ajudam a encontrar a resposta a essas complexas questões. Aprofundar na bioética faz-nos entender melhor a nós mesmos.
Animados para trilhar esses caminhos?
Por LENISE GARCIA – Doutora em Microbiologia, professora do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília, integrante da Comissão de Bioética da Arquidiocese de Brasília e da CNBB e presidente do Movimento Brasil Sem Aborto.
Fonte:http://jovensconectados.org.br/bioetica-um-desafio-tambem-para-os-jovens.html

Casa Comum, nossa Responsabilidade!

A campanha da fraternidade realiza, em 2016, sua 53ª edição, a sexta que trata da ecologia e a quarta realizada de forma ecumênica, com a participação das igrejas cristãs luterana, presbiteriana, metodista, ortodoxa siriana, episcopal anglicana que, com a Igreja católica, fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas cristãs (Conic).
“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24) é o lema. Direito e justiça constituem um binômio recorrente na pregação dos profetas e nos salmos do Antigo Testamento: “observai o direito e praticai a justiça” (Isaías 56,1); “praticai o direito e a justiça, não oprimais o estrangeiro” (Jeremias 22,3).
Essa mensagem profética tem norteado as campanhas da fraternidade na linha da justiça social, associada, nos dias de hoje, à justiça ambiental. Dessa premissa maior decorrem temas específicos, como o atual, com enfoque no direito da população ao saneamento básico e à água potável de qualidade, indispensáveis para se ter saúde integral e qualidade de vida.
Saneamento básico, segundo a legislação brasileira, compreende: abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, manejo dos resíduos sólidos, drenagem das águas de chuva e controle de reservatórios e dos agentes transmissores de doenças.
No Brasil, 82% da população brasileira têm acesso à água tratada, contudo, mais de 100 milhões de pessoas no país ainda não possuem coleta de esgotos e apenas 39% destes esgotos são tratados, sendo a outra parte descartada na natureza ou despejada nos rios.
Há no Brasil um Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), uma legislação e uma política de saneamento. Cada município deve elaborar seu Plano Municipal de Saneamento (PMSB), com possibilidade de receber dinheiro público para aplicar em projetos afins. Fica o apelo de mobilização dos cidadãos, vereadores, prefeitos, ministério público, meios de comunicação, para fazer acontecer o plano municipal.
O texto base da campanha, depois de constatar a realidade (ver), analisá-la com critérios bíblicos (julgar), conclama os cidadãos a assumir compromissos (agir), que vão das atitudes individuais às iniciativas de cunho comunitário. Já em casa pode-se fazer a coleta seletiva de material descartável, plantar, economizar água, evitar criadouros de mosquitos.
De forma coletiva, podem-se organizar ações nos condomínios, entre vizinhos, nas associações de bairros, conselhos comunitários, tendo em vista a implantação de políticas públicas de saúde e de defesa do meio ambiente e vida sustentável com qualidade para todos, sem se esquecer dos mais pobres. O saneamento básico é um direito de todo cidadão e será conquistado pelo trabalho, esforço comum, educação ambiental e consciência política.
 Dom Pedro Luiz Stringhini
Mogi das Cruzes
Fonte: jovensconectados.org.br/casa-comum-responsabilidade.html
















              

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Formação para a CFE - 2016 "Terra e Água"

                                          Publicado em 18/02/2016

Esse vídeo retrata sobre a realidade dos indígenas que vivem  na Cidade de Manaus na Região Amazônica.

Apresentando a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016

Publicado 18/02/2016

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Cartaz da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 - CFE - 2016


Cuidar de nossa casa "Casa em Comum"

 











Como família, entendemos bem o termo utilizado na Campanha da Fraternidade (CF) deste ano: Casa Comum. Lugar onde todos habitam e, portanto, todos são responsáveis por ela. Por isso, as famílias são especialmente tocadas nesta CF, porque a moradia (seja a casa ou o ambiente como um todo) refere-se diretamente à situação de vida delas. E os “sinais dos tempos” têm sido mais de morte do que de vida.
Olhando para o saneamento básico, ponto focal desta CF, a sua falta ou precarização é motivo de graves problemas de saúde. Só para exemplificar, crianças ainda morrem por doenças adquiridas por contaminação da água e não tratamento do esgoto no Brasil, e o não cuidado com as águas da chuva, por exemplo, ajuda na proliferação do mosquito da dengue, do zika e da chikungunya. Quer mais? O desperdício de água e o não tratamento adequado do lixo (residencial e industrial) colocam em situação grave nossas cidades e nossas famílias.
A palavra de Deus ilumina nossa realidade, nos convocando a unir profundamente a fé e a vida. Deus alerta, por meio do profeta Amós: viver o culto sem praticar o direito e a justiça não é lhe é agradável! (cf. Am 5, 21-24). Então, não promover a vida das pessoas e de todos os seres criados por Deus é deixá-los na insegurança, na impossibilidade de uma vida digna e plena, ao contrário do que quer Jesus (cf. Jo 10,10). E ainda, alerta o papa Francisco, que, ao não cuidar do meio ambiente, negamos a existência aos outros (LS n. 95). Ou seja, podemos escolher o caminho da morte e não o da vida (cf. Dt 30,15).
As famílias atingidas pela seca, ou pelas enchentes, ou pelos “desastres ambientais”, como vimos recentemente no Brasil, ou aquelas que são obrigadas a viver em meio ao esgoto e lixo a céu aberto, gritam dia e noite, clamando por justiça. Quem as ouve? O sistema econômico gerador de desigualdades, que oprime e manipula a vida? O sistema político movido pelos interesses dos grandes? Como o povo no Egito, seu clamor chega a Deus (cf. Ex 3,7) e ele suscita homens e mulheres, nas diversas condições, para profetizar em seu nome e libertar o seu povo.
Famílias, comunidades, igrejas, lideranças políticas e de movimentos sociais são convocadas a educar as consciências e a participar da construção de políticas públicas que gerem vida para todos. Comecemos pelas nossas famílias na quaresma: oração e jejum que modifiquem nossas ações (consumir menos e participar das reivindicações por melhorias, por exemplo).
Suzana Coutinho

Fonte: http://portalkairos.org/campanha-da-fraternidade-2016-artigos/#ixzz40UYxYfUu

CFC - 2016 Motiva reflexão sobre o relacionamento com o outro

                                Pastora Romi Bencke - Secretaria Geral do CONIC

         14/02/2016  Artigo CFE - 2016 Campanhas CNBB , CFE 2016, Fraternidade, Noticias
       
O tema escolhido para a reflexão na Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 é “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” do livro de Amós 5.24. A proposta está em sintonia com a Encíclica do papa Francisco, “Laudato Si”.
“Nesse tema e lema, duas dimensões básicas para a subsistência da vida são abarcadas a um só tempo: o cuidado com a criação e a luta pela justiça, sobretudo dos países pobres e vulneráveis. Nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, queremos instaurar processos de diálogos que contribuam para a reflexão crítica dos modelos de desenvolvimento que têm orientado a política e a economia”, explica a coordenação geral, representada pelo bispo da Igreja Anglicana e presidente do Conic, dom Flávio Irala, e a secretária-geral, pastora Romi Márcia Bencke.
O profeta Amós afirma em seu texto que a situação social do povo é importante para Deus, e que o culto se torna vazio e mentiroso se as pessoas vão aos templos, oferecem sacrifícios para Deus, mas permitem que a injustiça degrade a vida dos pobres, filhos amados e filhas amadas de Deus.
O profeta deixa bem claro que a fidelidade a Deus, tem tudo a ver com o cuidado que temos que ter, uns com os outros e com os dons da natureza.
O texto destaca questões como o caos social, o rompimento das relações afetivas e da relação com Deus. Como lema da Campanha, a proposta é que as pessoas repensem suas vidas e mudem suas atitudes em prol do bem comum.
Padre Leandro Alves de Souza, assessor da sub-região pastoral Aparecida da Campanha da Fraternidade, explicou as inspirações do lema da Campanha desse ano, e salientou que dentre as várias questões para reflexão, está à importância das pessoas estabelecerem relações verdadeiras e não de interesses.

Fonte: http://portalkairos.org/campanha-da-fraternidade-2016-artigos/#ixzz40UVKLjuo                   

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O QUE É BIOÉTICA?


                                               LOPES, Everton (Especialista em Bioética)

 O que é bioética[1]?
Na metade do século XX, em 1970, um bioquímico norte-americano chamado de Van Rensselaer Potter se dedicando à investigação ontológica na Universidade de Wisconsin, em seu artigo [BIOETHICS, THE SCIENCE OF SURVIVAL][2] – definiu “Bioética, a ciência da Sobrevivência” e utilizou esse termo, pois o autor reivindica sua paternidade e pede a criação de uma nova ciência - a ciência da sobrevivência - baseada na aliança do saber biológico [bios] com os valores humanos [ética]. A preocupação da geração atual com a sobrevivência – explica o autor – é causado pela separação existente entre nossas duas principais culturas científica e a cultura clássica [as humanidades]. Infelizmente, as duas têm se desenvolvido em separado, deixando de se influenciar mutuamente. Torna-se imperioso e urgente estabelecer uma ponte ou aliança entre elas [uma bio-ética], em que o saber ou sabedoria dessa aliança representará uma ponte rumo ao futuro[3]. No ano seguinte, Potter escreve a obra [BIOETHICS: BRINDGE TO THE FUTURE] Bioética: ponte para o futuro da humanidade. Para ele necessita ser retrabalhada, neste limiar de um novo milênio, também como uma ponte de diálogo multi e transcultural, entre os diferentes povos e culturas, no qual possam recuperar a tradição humanística, o sentido e o respeito pela transcendência da vida na sua magnitude máxima [cósmica-ecológica] e desfrutá-la como dom e conquista de forma digna e solidária[4].
Nesse sentido a intenção de Potter era  desenvolver uma ética das relações vitais, dos seres humanos entre si e dos seres humanos com o ecossistema. O compromisso com a preservação da vida no planeta tornou-se o cerne de seu projeto, a qual possuía como característica principal o diálogo da ciência com a humanidade. Para o autor, existem duas culturas que, aparentemente, não são capazes de se comunicar: a da ciência e a das humanidades. Esta deficiência transforma-se numa prisão e põe em risco o futuro da humanidade, que não será construído só pela ciência ou, exclusivamente, pelas humanidades. Somente através do diálogo entre ambas [...][5]
 Com base nesse ponto de vista, a bioética é uma das áreas do conhecimento e reflexão, humano que mais vêm crescendo nos últimos 40 anos, em todos os quadrantes do planeta, desde a intuição pioneira de Van Rensselaer Potter, em 1970 nos Estados Unidos[6] até os dias atuais, visto que a intuição foi fundamental para o aprimoramento dessa ciência.  A bioética é um saber que surge para ajudar na tomada de decisões concretas que implicam a vida em geral e a saúde humana em particular [...] Para interpretar o significado e discutir, com reflexões éticas, a crescente introdução de tecnologias em todos os âmbitos da vida humana e do meio ambiente natural. Ela surge com a preocupação de interagir os problemas ambientais aos problemas de saúde e, conseqüentemente em intervir nas tecnológicas do ser humano, no ambiente natural e como tentativa de resposta aos dilemas éticos provocados pelas novas descobertas biológicas e pelos avanços da medicina sobre o ser humano. Diante disso a bioética aparece no tempo muito oportuno para analisar as praticas éticas dos órgãos que trabalham em prol da defesa do ser humano e meio ambiente,  por outro lado, ela usa o diálogo para se relacionar com outras disciplinas afim de alcançar um objetivo ético e moral sobre a vida da criação[7].



[1] Cf. O aparecimento do termo “Bioética”, segundo V. Coutinho, surge pela primeira vez, em sua versão alemã Bio-Ethik, em um artigo de Fritz Jahr, no ano de 1927, usado para designar “a aceitação de obrigações éticas não apenas para com o homem, mas para com todos os seres vivos”, propondo a seguinte exigência ética: “Respeita cada ser vivo fundamentalmente como um fim em sim mesmo e trata-o, sempre que possível, como tal” (id, ibid). Marino Júnior, Raul. Bioética global: princípios para uma moral mundial e universal e de uma medicina mais humana. São Paulo: Hagnos,2009. p. 97.
[2] Cf. Cf. MOSER, A., SOARES. A. M. M. Bioética: do consenso ao bom senso. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p.19.
[3] Cf. MARINO. J. R. Bioética global: princípios para uma moral mundial e universal e de uma medicina mais humana. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 77.
[4] Cf. BRUSTOLIN, L. A. (Org.). Bioética: cuidar da vida e do meio ambiente. São Paulo: Paulus, 2010, p.30.
[5] Cf. MOSER, A., SOARES, A. M. M., op. cit., p.20.
[6] Cf. GARRAFA, V.(Org.). Bioética: poder e injustiça. São Paulo: Centro Universitário São Camilo, Sociedade Brasileira de Bioética, Edições Loyola, 2003. p.11.
[7] Cf. BRUSTOLIN, L. A. (Org.)., op.cit., p. 69.